Fábio Cajueiro, Coronel da Policial Militar do Rio de Janeiro, escritor, palestrante, fundador e presidente da Associação Beneficente Heróis do Rio de Janeiro.
“Última flor do Lácio, inculta e bela, és a um tempo esplendor e sepultura, o ouro nativo que na ganga impura, a bruta mina entre os cascalhos vela.” – Olavo Bilac.
Esse trecho do soneto de Olavo Bilac fala da formação da língua portuguesa, considerada o último idioma derivado do latim, originário da região do Lácio, na atual Itália. Os bravos legionários romanos, que falavam latim popular, quando se aposentavam, escolhiam em grande parte a Península Ibérica como residência, para aproveitar os últimos anos das vidas, e na região do moderno Portugal, surgiu nossa bela língua pátria, derivada do mesmo caldo cultural que misturou com celtas, romanos, bárbaros, árabes, judeus e outros povos locais, a coragem e experiência de militares, que passaram a vida em guerra pelo Império Romano, e eram valorizados e considerados por Roma.
Essa flecha histórica portuguesa foi capaz de fundir o melhor dessas civilizações, e arremessada por um arco que contava com espíritos arrojados, que corriam riscos extraordinários, buscou além do idioma, um desenho estratégico que criou as Grandes Navegações.
O destemor em correr riscos, somado a cultura herdada dos celtas, dos intrépidos legionários romanos, dos bárbaros, da fé católica, da engenhosidade das culturas árabe e judaica, aliados a uma privilegiada visão estratégica e determinação dos governantes, baseadas nessa rara sinergia histórica, criaram um novo tempo, alterando o destino do mundo.
As Grandes Navegações tiveram, como origem, a Escola de Sagres, o núcleo central de gestão e avanço estratégico de Portugal. O grupo que comandava o processo do embasamento estratégico de Sagres, tem como vértice Dom João I, fundamentado em interlocutores estratégicos cujo ápice é a rainha Filipa de Lancaster, e como legitimador mor, o condestável Nuno Álvares. Paralelamente havia a mobilização, gestão e controle estratégico liderados pelos infantes, preparando uma rede de instrumentos e alavancagem estratégicos, e o projeto de transbordamento marítimo, novas rotas e conquistas.
A descoberta do Brasil, por Portugal, sua colonização e manutenção da integridade territorial, dependeu de forças militares.
Essa pequena digressão histórica é para fundamentar a importância e presença constante e essencial de militares nos eventos que permeiam a história do Brasil desde antes do seu descobrimento. Atualmente, apesar do Brasil não ter inimigos próximos, os militares estaduais estão travando uma guerra não declarada e tendo baixas percentualmente maiores do que conflitos do século XX.