Eu estava na missa de domingo com meus filhos, quando meu caçula passou a apontar na direção dos vidrais, estátuas e quadros religiosos que adornavam a paróquia:
– Papai, isso é cultura. E é muito bonito.
– Sim, meu amor, é cultura – disse eu. – Mas você sabe por que é cultura?
Ele meneou a cabeça.
– Porque são criações humanas que representam ideias e crenças – continuei. – No caso, ideias sagradas, justas e belas.
– São belas por que são de Deus – falou meu caçula, com a espontaneidade e inocência típicas dos seus poucos anos de vida.
– A cultura é criação dos homens, meu amor – prossegui. – Como somos criaturas de Deus, ela também é uma expressão do nosso Criador. …Nós sabemos reconhecê-la bela quando a ideia por trás dela é boa e justa.
– Mas, cada pessoa não tem um gosto?
– O gosto pode variar, mas o que é belo não muda – expliquei. – Como seres humanos, reconhecemos, em nossos corações, a beleza, assim como a feiura. Por isso, mente ou se confunde quem diz que a beleza é relativa, que depende do gosto de cada pessoa. O gosto é relativo, pois tem gente que admira o feio, o repulsivo. Mas, a beleza é objetiva, pois Deus nos concedeu a graça de percebê-la quando a encontramos. – arrisquei lançar mão de um exemplo visual. – As pessoas costuma sentir prazer em andar naquelas vilas antiga da Europa, iguais as que mostrei para você no YouTube. Da mesma forma, é impossível não sentir inquietação numa cidade grande moderna, com seus arranha-céus de concreto frio, cinzento, amontoados uns nos outros.
Meu filho pequeno refletiu por um longo período sobre nossa conversa.
À porta de casa, ele se virou para mim com um brilho no olhar:
– Ainda bem que existe a beleza, papai.
Eu sorri para o meu caçulinha.
– É verdade, meu amor – assenti. – Graças a Deus.