Paulo Antonio Papini, advogado, professor de Direito e Mestre em Direito Processual Civil pela Universidade Autónoma de Lisboa.
Ateus, embora se classifiquem como pessoas que não acreditam em Deus; são tudo: chatos, na maior parte do tempo, desrespeitosos com a fé alheia, infantis, são absolutamente tudo, menos ateus.
Principalmente se considerarmos que a maior parte dos “expoentes” do ateísmo são pessoas ligadas às Ciências “Duras” (exatas e biológicas). Não deixa de ser engraçado [imaginar] a confusão mental que deve se passar na cabeça de alguém que se predispõe a gastar precioso tempo de vida (e lembremos que os ateus têm a inabalável, certeza de que temos apenas uma vida) a provar a inexistência de algo que, para si, é irrelevante por inexistir.
Por outra, embora gostemos de HQ´s Marvel e DC Comics, sabemos que Batman, Superman e Capitão América não existem. De tal sorte que não perderíamos um segundo das nossas vidas tentando provar a alguém a inexistência destes.
Não é o que acontece com os ateus. Grandes cientistas em suas expertises gastam períodos enormes de suas vidas escrevendo livros e artigos com o fito de provar a inexistência do Batman, quer dizer, de Deus.
Dawkins, um delirante!
O biólogo Richard Dawkins, por exemplo, em “Deus um Delírio”[1], livro de 502 páginas onde ele tenta provar a inexistência de Deus, embora ele próprio reconheça ser impossível fazer prova de fatos negativos.
Seu livro contém, evidentes, paradoxos. Citamos entrecho[2] do livro e depois falamos:
“O infantil[3] Evangelho de Tomás, por exemplo, contém várias passagens sobre o menino Jesus abusando de seus poderes mágicos[4]”.
Pois bem, este trecho citado causa uma certa dúvida ao leitor. Dawkins como cientista nega a existência de Deus, ou a existência de Cristo? Para o fim de seu livro, a inexistência de Um, não necessariamente significaria a inexistência do Outro!
É difícil não notar, também, que sua obra não é um ataque a Deus, mas ao Cristianismo. Sua obra foca – exclusivamente – no Cristianismo não mencionando, numa única linha sequer, o Islamismo.
Alguém mais inocente poderia pensar: “Ora, ele está falando da sua realidade!”
Com efeito, não. Não podemos esquecer que Dawkins é inglês e, em seu país, há uma enorme quantidade seguidores da fé islâmica.
E piora.
Lendo a obra percebemos que um dos principais argumentos usados pelo autor seria o de que Charles Darwin seria ateu. Errado por dois singelos aspectos.
- Darwin não era ateu, tanto não o era, que ele reluta, por quase 20 anos, em publicar sua teoria preocupado com o dano que ela poderia causar à religião. Só o fez, porque se não o fizesse, outro evolucionista, Wallace, que seguia a mesma linha de pesquisa, o anteciparia, e;
- Consideremos, por um átimo de segundo, que Dawkins está correto e Deus não exista: qual a relevância da crença, ou descrença, de Darwin, no Criador, para o ponto defendido por Dawkins.
Um desperdício chamado Universo
Carl Sagan, um dos maiores divulgadores de ciência do Século XX, certa vez disse que: “se estivermos sozinhos[5], então o Universo é um grande desperdício de espaço.” Ora, desperdiçar é um verbo transitivo direto que significa gastar sem controle. Desperdiçar demanda um agente que pratique o desperdício.
Um ser inanimado, como o Universo de Sagan, não é capaz de desperdiçar algo, da mesma forma que uma pedra também não o é. Salvo a hipótese, que temos como altamente provável, que aquilo que Sagan chama de “Universo” nós chamamos de Deus.
Hawking explica!
Hawking, Viagens no Tempo e Universos Paralelos
Há uma quantidade considerável de físicos teóricos que, a partir dos desdobramentos da Teoria M – popularmente conhecida como Teoria das Supercordas – que defendem a possibilidade de existirem outros, infinitos, Universos Paralelos.
Obviamente que a indústria do entretenimento, Games, Literatura de Ficção e Cinema não perderam tempo em aproveitar essa Teoria.
Estamos falando da física quântica, de partículas muito menores que um próton ou um elétron. Coisas extremamente pequenas, mensuráveis através de uma escala de medida chamada Comprimento de Planck, ou seja, 10-35metros, ou algo como 20 vezes menor que um próton.
Segundo a teoria, a matéria nada mais é que energia vibrando em intensidades absurdas. Imagine, por exemplo, uma corda girando em torno de você a 100.000 rpm por segundo, em qualquer lugar que você colocasse a mão no “trajeto” desta corda você a sentiria. Grosso modo, segundo a Teoria M, a matéria é apenas e tão-somente a vibração desta energia.
O desdobramento desta tese é que, para alguns, ficaram “escondidas” no Universo Quântico das Coisas Muito Minúsculas algo como 7 e 9 dimensões espaciais extras as quais, mediante intrincados cálculos, seriam as responsáveis pelos multiversos.
Em tese, em infinitos universos, todas as realidades possíveis e imagináveis acontecem. Tudo o que pode ser imaginado existe.
Obviamente que um ateísta sério e, mais que tudo, honesto intelectualmente deveria considerar, então, é que se em Universos Paralelos tudo o quanto é possível há e todas as realidades imagináveis existem, então, necessariamente, deve existir um Universo Paralelo, ou infinitos deles – tal como o número π – onde “Deus” exista.
Enfim!
Particularmente cremos que a Teoria dos Universos Paralelos foi uma resposta dada pelos físicos teóricos à incômoda questão do Paradoxo do Avô. O paradoxo consiste na seguinte pergunta: e se você viajar no tempo e matar seu avô antes do seu pai nascer? Se seu pai não nasceu, como você voltou no Tempo?
Para alguns você voltaria na verdade para um Universo Paralelo onde a vida seguiria seu curso e a ordem das coisas não seria alterada.
Stephen Hawking[6], famoso por seu ateísmo, in Breves Respostas para Grandes Questões, mostra-se cético em relação aos Universos Paralelos. Contudo[7] ele defende que, se voltarmos no tempo e fizermos algo que atente contra a higidez da linha do tempo, o Universo perceberia aquele risco (tal como Sagan ele dá capacidades cognitivas ao que, supostamente, não é Deus) e lhe impediria de praticar aquele ato.
No caso do paradoxo do avô, por exemplo, a arma falharia!
Por outra, Hawking é ateu, mas defende que para defender a linha temporal (e o TOC de alguns físicos teóricos) assumiria capacidades sobre humanas de cognição e manipularia a matéria/coisas de modo a preservar as coisas como são.
Nos parece que, indubitavelmente, Hawking era outro que acreditava em Deus e não o sabia.
Por fim, encerramos este artigo com a célebre fala de John Lennox[8] onde desconstrói os argumentos de Hawking e Dawkins:
“Você quer que eu acredite que da não-vida veio a vida. Você quer que eu acredite que da não-matéria veio a matéria. Você quer que eu acredite que do não-espaço veio o espaço. Você quer que eu acredite que do não-tempo veio o tempo. Desculpe-me, mas minha Fé não é tão grande assim”.
[1] DAWKINS, Richard. Deus um Delírio. Tradução: Fernanda Ravagnani. São Paulo. Companhia das Letras. 2007. ISBN 978-85-359-1070-4.
[2] Op. Cit. Pg. 137.
[3] É até constrangedor vermos um cientista, um acadêmico antes de tudo, fazer em sua obra (que pretende possuir rigor científico no trato da informação, usar do recurso da adjetivação como forma a tentar demonstrar dado ponto de vista. Numa Prova Pública de Mestrado ou Doutoramento, seguramente algum ponto (ou fração do mesmo) seria tirado em razão [do uso] deste artifício.
[4] Idem.
[5] Isto é, se a Terra for o único planeta habitado em todo o Universo.
[6] HAWKING, Stephen. Breves Respostas para Grandes Questões. Tradução: Cássio de Arantes Leite. Intrínseca. Rio de Janeiro. 2018. ISBN 978-85-510-0431-9
[7] Op. Cit. P. 149-160.
[8] Matemático britânico, PhD, Cristão.