Aqui, o evento inaugurador do país foi uma missa, a Primeira Missa, celebrada em 26 de abril de 1500.
Mais do que um evento, a Primeira Missa é o próprio mito fundador da nação, nascida sob a Cruz de Cristo, símbolo da devoção cristã de uma pátria e um povo.
Não é à toa que o Brasil, batizado Terra de Santa Cruz, depois de um ano de descobrimento pelos portugueses, permanece o maior país católico do mundo; também com uma pujante população evangélica.
Contudo, desde o advento da República, sob o golpe militar de 15 de novembro de 1889, as forças do materialismo europeu, despontadas em revoluções e heresias anticristãs do antigo continente, migraram para o Brasil, intensificando uma disputa pela destruição das tradições e virtudes do cristianismo, enraizadas em nossa pátria.
O petismo e seus inúmeros satélites progressistas representam a face atual do relativismo moral e do materialismo utópico que lançam suas garras sombrias sobre a sociedade brasileira.
Fundado na década de 1980, o Partido dos Trabalhadores (PT) significa, porém, algo ainda mais grave: seu projeto de poder materialista, hegemônico e autoritário gestou-se no seio de parte da Igreja Católica, pervertida ao sonho materialista da criação de um Paraíso na Terra, numa pretensa imagem e semelhança em relação ao divino, não contentes em guiar seu rebanho ao verdadeiro Paraíso Celestial, possível somente no domínio espiritual, missão legada, diretamente, por Cristo aos Apóstolos.
Esse segmento corrompido do clero sucumbiu a um orgulho semelhante ao dos anjos caídos – que ousaram se imaginar deuses – ostentando a vaidade de que o Homem, criatura imperfeita, pudesse erigir um mundo material perfeito, mediante o emprego de uma ferramenta imperfeita e fluída: a política.
Esses clérigos decaídos pensaram encontrar na Teologia da Libertação – ou, em outras doutrinas ou utopias aferradas ao materialismo e ao relativismo moral – um resultado final “preferível”, “civilizatório” e “justo” para toda a sociedade brasileira.
Todavia, um resultado político, no mundo material, só pode ser garantido por imposição, pela força.
Reforjar uma nação e um povo segundo um projeto de poder só pode levar à tirania, já que precisará recorrer à ameaça e à violência para ser aceito por aqueles que não o acolhem.
Em engano, esses cardeais, bispos e padres esqueceram-se que compete somente a Deus, o único conhecedor de todas as possibilidades e, portanto, de todos os desfechos, a determinação do resultado final.
Deus o faz baseado não na coerção, mas no amor e na piedade por nós, Seus Filhos, Suas Criaturas. Amor e piedade expressos na graça do livre arbítrio, com a qual Ele nos convida a participar e contribuir com a sua criação.
Ao contrário dos materialistas que precisam impor sua visão de mundo, Deus nos concebeu livres, dotados da liberdade suprema de fazermos nossas próprias escolhas morais.
Contudo, essas escolhas morais não se realizam no vazio.
Deus nos guia para o Bem ao nos disponibilizar princípios claros e pré-determinados sobre a natureza do Bem e o Mal.
Princípios que soam verdadeiros ao coração do Homem. Por isso, os Dez Mandamentos ressoam como justos e bons a todas as culturas e sociedades, por mais díspares ou afastadas que possam ser.
Novamente, Deus não impõe, Ele guia, jamais obriga.
A objetividade moral de Deus nos fornece os valores que Deus, em seu amor, oferece a todos nós.
Nisso, reside a malignidade do relativismo moral, uma vez que cega o homem para o Bem e para o Mal.
O relativismo moral é criação do Homem, portanto, falha, imprecisa, imperfeita, confusa e diáfana, impossibilitada de se manter perene no tempo e no espaço.
O relativismo moral esfacela a moral verdadeira em diversas moralidades possíveis; por ideologia, época, moda, estética, cultura, grupo, comunidade ou mesmo pelo indivíduo atomizado.
Tomemos o aborto como exemplo das trevas intrínsecas à moral relativizada.
Para alguns, extirpar uma vida humana é aceitável até o primeiro trimestre de gestação; para outros, aos seis meses, aos noves meses, imediatamente depois do parto ou mesmo dias e semanas depois do nascimento da criança, como já debatem, abertamente, setores mais radicalizados do movimento Pró Escolha nos EUA.
Afastados da verdade objetiva de uma moral superior à humana, perdemo-nos em moralidades de conveniência, segundo gosto, oportunidade ou ambição. Por sua própria definição, uma verdade relativa não é a verdade absoluta, restando como uma mentira com a pretensão de se fantasiar de uma verdade possível.
Ao materialista sobra, portanto, assaltar a moralidade objetiva que guia as escolhas dos que se abrigam sob os valores e as tradições cristãs: a maioria do povo brasileiro.
Daí, o petismo oferecer recompensas materiais em troca do apoio dos cristãos, impossibilitado, por sua própria natureza, de ser um aliado genuíno dos seus valores morais.
Quando o governo lulista busca seduzir o Povo de Deus com isenções tributárias, cargos políticos ou outras recompensas materiais, ele o faz preso à sua doutrina materialista, incapaz de apoiar valores cristãos autênticos, como a luta contra o aborto.
Nesse contexto, sua moralidade é semelhante à do Diabo.
Afinal, as promessas de reinos grandiosos, luxo desmedido e riquezas a perder de vista não foram, precisamente, as armas a que Satanás recorreu na sua tentativa fracassada de corromper Jesus no deserto?
Um relativista moral, progressista, esquerdista, jamais faria diferente.
Essa é a luta pela alma do Brasil.
Trata-se de uma guerra espiritual entre os valores cristãos e os vícios e distorções do materialismo.
Numa guerra, desponta sempre a questão de “o quê se está disposto a sacrificar para a obtenção da vitória”? Todavia, tão importante é outra pergunta: “quais valores não se abre mão, mesmo que isso signifique a derrota?” Em outras palavras, você se tornaria o Mal – ou se valeria dele – como meio para vencer o próprio Mal? Como fazê-lo, sem se corromper?
A moral objetiva faz repugnante a eleição à presidência da República de um corrupto condenado (ainda que depois descondenado). Esse nojo moral pode se transformar em amargor, decepção e, no limite, até ódio; não apenas contra o eleito, mas também – e principalmente – perante a falência moral dos seus eleitores.
Contudo, nesse momento, mais do que nunca na história brasileira, é necessário o exercício do amor e da piedade.
Deus demanda de nós o combate sem compromissos contra o Mal, mas ele também cobra de nós o perdão.
Jamais deixemos de orar pela salvação daqueles que sucumbiram ao materialismo, mesmo o pior destes merece a esperança da redenção.
O destino final do Brasil está, exclusivamente, nas mãos justas e piedosas de Deus.
A nós, Seus filhos, resta buscarmos as escolhas morais corretas, conforme os valores legados pela tradição cristã.
Toda missa, todo culto, é uma torre nessa guerra.
Toda prece, toda oração, uma falange.
O Povo de Cristo deve permanecer junto, apoiando uns aos outros, irmanados em coragem e renúncia.
Nossas escolhas morais inspirarão as gerações vindouras, assim como os cristãos do passado nos influenciam hoje.
Aqueles que enfrentaram com destemor os tiranos do Império Romano, lançados aos leões nas arenas para a diversão de sangue dos pagãos, resplandecem das suas tumbas como símbolos virtuosos a serem seguidos.
Aquele que se desespera diante das trevas que açoitam o Brasil devem buscar refúgio na esperança de que a luz, ao final, prevalecerá.
Afinal, não é de se estranhar que o Diabo derrame sobre o país mais católico do mundo todo seu empenho, fúria e malícia para pervertê-lo à sua imagem. Toda a miséria, violência, corrupção e injustiça lançadas sobre a nação são o fardo do povo brasileiro na luta cósmica do Bem contra o Mal, de uma guerra espiritual muito maior do que todos e cada um de nós.
Como toda a criação, o mundo material é importante, mas a luta sempre foi, é e será decidida no campo espiritual.
A Polônia católica é um exemplo vivo dessa esperança imperecível.
Sufocado e oprimido por décadas de comunismo, o Leste Europeu em geral, e a Polônia em particular, assistiu à queda da Cortina de Ferro sem perder a fé em dias melhores.
Deus não os abandonou.
De fato, mandou um santo – talvez o maior do século XX – São João Paulo II, um polonês, cujas terras padeciam sob a ocupação de um dos regimes mais materialistas, seculares e mortais da história humana, a aparentemente inabalável e indestrutível União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
São João Paulo II não possuía exércitos ou ogivas termonucleares, mas demonstrou uma liderança moral férrea, decisiva para guiar o mundo para longe do terror da Guerra Fria e levar à ruína as ditaduras comunistas do Leste Europeu.
No Brasil, o povo de Deus não só deve combater, inspirado nessa mesma bravura e determinação, o materialismo repulsivo e trevoso, mas, principalmente, jamais se aliar, compadecer ou submeter a ele.
Nenhum cristão, em sã consciência, pode auxiliar ou integrar o regime progressista empenhado em perverter a alma do povo brasileiro; nem mesmo sob a desculpa esfarrapada de amealhar influência e poder para enfrentar o projeto autoritário que ameaça a nação.
Nossa resistência, baseada na objetividade moral do cristianismo, é a única esperança para o livramento do Brasil.
Nossa Senhora, padroeira da nação, já interviu uma vez no mundo mortal, quando a hegemonia petista tombou com governo Dilma, em 2016, algo até então impensável diante da hegemonia opressiva exercida por essa corrente materialista no país.
O petismo retornou novamente, cheio de orgulho, prepotência, força e ódio. Há aqueles que imaginam que, dessa vez, os materialistas vieram para ficar, agarrados ao poder como carrapatos, pervertendo o Brasil num reflexo maligno do seu próprio ideário abjeto.
Contudo, a esperança viverá enquanto o povo brasileiro conservar sua lealdade aos valores da Cruz.
Como filhos de Deus, respondemos por nossas escolhas. Pois então que estas sejam repletas de coragem, resiliência e amor, por nosso Pai, nossa pátria, nossa família e também em relação ao próximo, mesmo os que se apresentam como nossos inimigos.
Estejamos, porém, cientes: a redenção das nossas escolhas cabe somente a Deus.
Por fim, essa é a nossa esperança e salvação.
Da alma do Brasil e do seu povo.