“Nós precisamos deixar claro o que nós somos: nós somos petistas, de esquerda e socialistas”. “Vamos tomar o poder, que é diferente de ganhar a eleição”. Ambas as afirmações são de José Dirceu, um dos mentores ideológicos do PT, ex Chefe da Casa Civil no primeiro governo Lula, ainda hoje condenado pela justiça.
Valter Pomar[1] escreveu no ensaio “A estrela na janela: ensaios sobre o PT e a situação internacional” que não basta estar no governo para ‘controlar o poder’ (p.155) [e] Temos que mudar o Estado, mudar sua natureza, não apenas sua forma (p.221).
O propósito de tomar o poder e implantar um regime socialista no Brasil não fica só nas declarações de lideranças petistas, pois também está em documentos do partido. Na Resolução Política do PT, de 03/11/2014, consta o seguinte:
– É urgente construir hegemonia na sociedade, promover reformas estruturais, com destaque para a reforma política e a democratização da mídia[2]. A hegemonia do partido revolucionário na sociedade é o jargão usado para designar um objetivo da estratégia gramscista de tomada do poder e a democratização da mídia é o fim das liberdades de imprensa e de expressão.
– Para transformar o Brasil, é preciso combinar ação institucional, mobilização social e revolução cultural. Revolução cultural é a estratégia gramscista para transformar a sociedade por meio da fragilização e fragmentação da família, da destruição dos valores morais, éticos e cívicos, do patriotismo e do amor à história, aos costumes e às tradições nacionais, tudo isso visando anestesiar, paulatinamente, a sociedade para ela aceitar a imposição do regime socialista sem reagir. Comandantes! A revolução cultural é incompatível com o DNA das FA.
Na sua autocrítica, em 2016, o PT lamentou não ter ampliado o seu controle na sociedade e ter deixado de modificar os currículos das academias militares e de promover oficiais com compromisso democrático e nacionalista[3]. A infiltração na gestão interna das FA e seu isolamento da sociedade, a desmilitarização das Polícias Militares e a ação de grupos armados estão entre as estratégias de fragilização do aparato de segurança do Estado e de criação do clima revolucionário, para a tomada do poder e a implantação do socialismo.
No Programa Nacional de Direitos Humanos 3 (PNDH3), de 2009, é prevista a criação de conselhos populares em todas as instâncias da sociedade e do Estado. A finalidade é o controle político-social dos Poderes Executivo, Judiciário, Legislativo, MP, Defensorias e de todos os segmentos da sociedade. Assim se consolidaria a tomada do Poder no Estado, com o PT empalmando os três Poderes em suas mãos. Os conselhos serão mobiliados com a maioria de militantes e terão poder para intervir na gestão de cada ente onde funcionem. Na Revolução Bolchevista russa, em 1917, esses conselhos se chamavam “soviets” e, no Brasil, o Decreto nº 8.243/2014 tentou criá-los no Poder Executivo, mas está arquivado, por enquanto, no Congresso. Com certeza, um futuro governo petista vai tentar recolocá-lo em pauta para aprovação e ampliá-lo para todos os segmentos da sociedade como preconiza o PNDH3.
Na Carta de Princípios do PT[4] consta que não há socialismo sem democracia nem democracia sem socialismo. Um tremendo embuste para esconder o que é socialismo, ou seja, se fosse verdade, Cuba, China e a antiga URSS, países socialistas totalitários, seriam democracias. Portanto, sendo esses países suas matrizes ideológicas o regime que o PT almeja no Brasil é semelhante ao deles – totalitário e liberticida.
É esse o cenário com que os futuros Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica vão se deparar, sendo as FA o último baluarte capaz de impedir a tomada do poder pelo PT e seus aliados para implantar o regime socialista, haja vista o grau de infiltração e o consequente enfraquecimento ou neutralização já logrados nos demais segmentos da Nação. O propósito do PT é encurralar e neutralizar as FA, promovendo sua bolivarianização.
Em consequência, se não forem bloqueadas as tentativas de ingerência e infiltração nas FA, cairá o mais poderoso bastião contra os propósitos do PT e de seus aliados, claramente declarados por José Dirceu e José Genoíno, mentores ideológicos desse nefasto partido socialista liberticida.
Os comandantes e demais chefes militares saberão defender e preservar o legado da História, os exemplos dos heróis, as tradições, os princípios e valores morais e cívicos da Nação e de nossas FA. Só assim o Brasil manterá o rumo para se tornar uma democracia de fato.
É uma benção que em todas as épocas alguém tenha tido individualidade bastante e coragem suficiente para continuar fiel às próprias convicções (Robert G. Ingersoll).
[1] Ex Comandante da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e do 5º Batalhão de Infantaria Leve Aeromóvel, membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil e Diretor de Geopolítica e Conflitos do Instituto Sagres.
[2] Secretário de Relações Internacionais do PT e Secretário do Foro de SP (2005-2013).
[3] Resolução Política do PT 2014:
https://www.pt.org.br/wp-content/uploads/2014/11/Resolu%C3%A7%C3%A3o-Pol%C3%ADtica.pdf.
[4] Folha de São Paulo: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/em-2016-pt-lamentou-nao-ter-ampliado-seu-controle-da-sociedade.shtml