Robson Oliveira, Professor, escritor e analista político.
Num documento do Partido Comunista, da antiga União Soviética, pode-se ler a seguinte orientação: todo membro do partido e membro da causa socialista precisa ter a mãe Rússia como verdadeira pátria. Este princípio orienta a militância de milhares de comunistas ainda hoje e explica muito bem um fenômeno curioso nas redes sociais: jovens universitários brasileiros declarando amor e fidelidade ao sistema político soviético. Bandos de WOKES sinalizando virtude publicamente e criticando o elitismo do hino do Brasil, a desatualização da religião cristã, a complexidade da língua nacional, tudo para diminuir os valores do Brasil e ensaiar uma certa fidelidade à mamãe comuna.
Como não gargalhar diante desta situação? Como não chorar de rir ao assistir a declaração de baianos gritando na internet, com seus blackpowers coloridos: “Nós, povo russo, blá, blá, blá”? Como manter a seriedade ao contemplar sociólogos de tutu e sapatilha bradando nas redes: “Nós, povo soviético, blá, blá, blá”? Ao comando do Partidão, os militantes comunas do mundo prontamente rasgam as bandeiras nacionais, criticam o gigantismo ou o nanismo de seus territórios, tecem vitupérios contra o hermetismo da língua materna, lançam desaforos à religião que os une. Tudo para agradar uma mãe que prontamente sacrificaria esses filhos pela causa comunista.
Entenderam agora por que artistas, grandes ou pequenos, costumam atacar os símbolos nacionais? Compreenderam por que cantoras e atrizes, estudantes e professores, pisam ou até queimam a Bandeira do Brasil? Eles atendem a um chamado que vem da Mãe Bolchevique. Eles secundam a pátria brasileira à causa comunista porque se sentem verdadeiros filhos de outra mãe.
Portanto, na medida em que as Forças Armadas de um país são a primeira linha de defesa das nações, destruí-las ou neutralizá-las é a primeira tarefa de qualquer militância bolchevique que mereça este nome. Por isso, jamais se implantou uma ditadura comunista sequer sem ajuda ou sem a vista grossa de militares. É essa lição que Orwell nos dá em sua obra-prima, A Revolução dos Bichos (Animal Farm – Georg Orwell).
Na alegoria produzida pelo escritor britânico, a vara de Wellington jamais alcançaria seus intentos sem o serviço valioso dos cães – figura das forças de segurança. Uma condição para a perseguição da resistência animal que tentava se organizar, era a exclusividade da força, na Fazenda deflagrada pela revolta dos bichos. Só os porcos detinham o acesso à força (os cães) e isto tornava-os muito poderosos. Além disso, a guarda frequente e ostensiva – realizada pelos cães protegendo todas as aparições públicas do porco Napoleão – era, por si só, razão suficiente para desencorajar qualquer tentativa de contrarrevolução.
De fato, a Revolução Bolchevique aconteceu graças às insatisfações de parte do exército russo (dos soldados, maximamente). Não haveria comunismo em Cuba sem o Exército Rebelde Cubano. O mesmo se diga da Venezuela, que foi transformada num quintal de Marx e Engels por um militar de má cepa. Recentemente, o ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, desfilou oficialmente cercado, pela frente e por trás, por militares de altas patentes. E no Brasil acontece o mesmo fenômeno. O ex-ministro da defesa, Aldo Rebello, comunista desde criança, ostenta fotos com militares de alta patente, nas redes. Com frequência, faz discursos elogiosos às forças militares e até defende valores e princípios nacionais.
Por esta razão, não é incomum que porcos comunistas (como aqueles representados por Orwell) se aproximarem de militares: atacando-os, por um lado; cortejando-os, de outro. Pois a choldra sabe que não é possível manter a Fazenda dos Bichos permanentemente deflagrada, sem uma força militar eficaz e dócil. Eis porque os militares são o fiel da balança em toda sociedade que flerta com autoritarismos. E no processo, mesmo outros cães se tornam vítimas das exigências do poder.