Robson Oliveira, professor, escritor e analista político.
A política não é um fim em si mesma. Segundo os dogmas do pragmatismo, que grassa inclusive nos comentários políticos da mídia conservadora, política é “a arte do possível”. Em alguns casos patológicos, analistas afirmam que política é a arte de realizar o que é útil – pragmatismo em doses cavalares e em sua pureza química! Impressiona-me como bons comentaristas não percebem que “utilidade” é um dos conceitos mais fluidos e instrumentalizáveis que existe. De fato, estas definições de política já estão enviesadas, já estão marcadas pelo antropocentrismo gestado pela filosofia cartesiana.
A filosofia clássica, pelo contrário, sustenta que a política é parte integrante da ética. Se a ética é a disciplina filosófica que busca o bem humano, a política é a disciplina que estuda o bem humano que se pode alcançar em comunidade. Portanto, o útil ou o possível só pode ser aceito se também guarda alguma relação com o bem humano capaz de ser acessado comunitariamente. Torna-se evidente, portanto, que a política não é apenas uma arte calculista, que se move por oportunidades e descrições. Há certa prescritividade na ação pública. Há um dever-ser na vida em sociedade, que precisa imperar sobre a ditadura do prático e do imediato. Afinal, maiorias políticas (bem como suas possibilidades e utilidades) vêm e vão. De fato, diz a Congregação para a Doutrina da Fé:
Se o cristão é obrigado a “admitir a legítima multiplicidade e diversidade das opções temporais”, é igualmente chamado a discordar de uma concepção do pluralismo em chave de relativismo moral, nociva à própria vida democrática, que tem necessidade de bases verdadeiras e sólidas, ou seja, de princípios éticos que, por sua natureza e função de fundamento da vida social, não são “negociáveis”[1].
Neste ponto, a filosofia política encontra-se ombreada aos princípios cristãos mais fundamentais. Pois para o cristianismo, a vida moral, o dever-ser, constitui importante elemento da vida, de modo que não se pode afirmar ser bom cristão quem não impõe à própria carne as exigências e valores da ética. Do mesmo modo, a política exige dos que se dedicam a estudá-la, que encarnem seus princípios em suas próprias vidas.
Ora, para que o globalismo e o comunismo sejam dominantes numa sociedade, importa que a verdade sobre os princípios da política seja escondida ou transformada. Como estas ideologias fundamentam-se em mentiras ou meias-verdades, as virtudes que interessam à vida pública costumam ser ocultadas ou francamente combatidas, como é o caso do patriotismo.
Jamais houve uma nação que implantasse o comunismo ou o globalismo em suas vidas públicas que não houvesse – antes – combatido os valores da pátria ou transformado esses valores, atribuindo-os à Mãe Rússia: amor à pátria, dizem, é amar o comunismo. Por isso, combater o espírito nacional, os símbolos pátrios, como a bandeira, o hino, a língua, a religião, o território, é coisa tão comum em nações que lutam contra estes tipos de autoritarismo. Com efeito, sem negar os valores pátrios é impossível calar nações ou subjugar espíritos. Pelo contrário, afirmar os valores das nações constitui empecilho às pretensões comuno-globalistas. Como diz Eagle:
Como sabeis, o patriotismo é profilático contra o comunismo. Mas é preciso mais. Vossos filhos precisam ser incentivados ao patriotismo comemorando as datas cívicas importantes para vossa nação. Conhecendo o nome e as histórias dos heróis nacionais. Conhecendo lugares e personalidades importantes para a constituição e para a liberdade de vossa nação[2].
Eis a razão do combate ao 07 de setembro. Eis o motivo de minimizarem o dia, de criarem eventos concorrentes, como o Berro dos Invejosos, de relativizarem o Brasil como nação. Um povo que conhece sua história e orgulha-se de suas raízes é muito mais difícil de ser dominado. Por isso, milhões indo às ruas faz brochar comunistas e globalistas.
O povo brasileiro precisa valorizar sua natureza, precisa orgulhar-se de ser nação. Pois ou será nação forte, ou será desmembrada, saqueada e escravizada. Nossas escolas e famílias precisam criar ou retomar o orgulho pelo Brasil, a alegria pela fé que recebeu, precisa valorizar sua língua e território, precisa amar sua pátria.
[1] CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ. Nota Doutrinal: sobre algumas questões relativas à participação e comportamento dos católicos na vida política. São Paulo: Paulinas, 2005, p. 12.
[2] EAGLE, TOM. 1000 Lições sobre comunismo ao Pequeno Gafanhoto. Niterói: Angelicum, 2022, p. 132.